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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Seção "Post Parceiro": Surf em Sydney!

E não é que a ideia do Post Parceiro tá ganhando força? Esse já é o terceiro post da série (veja os dois primeiros AQUI). Se você quer ver seu texto publicado aqui e lido pelos mais de 5 mil visitantes mensais do blog, me mande um email (duslompo@yahoo.com.br). Pode ser sobre qualquer tema relacionado à Austrália, mesmo que você não conheça o país (o primeiro post parceiro, por exemplo, foi escrito por uma leitora que nunca pisou aqui, mas mesmo assim foi excepcional).

Dessa vez a parceria é com o Ricardo Aita, um gaúcho gente finíssima que mora em Sydney há 5 anos. Ele é diretor da Force Field Photography, empresa de fotografia profissional criada em 2013 e com um portfólio de dar inveja. Eu, particularmente, sou fã - é uma foto melhor que a outra! As fotos desse post, por exemplo, são todas da Force Field. Vale a pena conferir o trabalho deles (link AQUI).

O Ricardo Aita é seguidor do blog desde 2013 e seu post preferido foi o "Centenas de Cangurus ao Ao Livre!!!",  já que, como ele mesmo disse, "nunca visitei Morisset mas anotei as dicas do post pra quando for".

Obrigado pela participação, Ricardo!


Surf em Sydney
(por Ricardo Aita)

Bem amigos do Baririense na Austrália. A Force Field Photography resolveu participar do melhor e mais completo blog sobre a vida na Austrália porque havia apenas um assunto importante faltando… Isso mesmo, hoje vamos finalmente Surfar na nossa querida Sydney!

Jacob Wilcox, Hurley Australian Open 2014 - Manly (Campeão Jr)
O Baririense não surfa nada! Mas não é vergonha: Ricardo Aita, natural de Porto Alegre e diretor da Force Field, também não. Entretanto, pra vocês leitores que se interessam pelo esporte, nós fazemos algo ainda melhor: Fotografar, informar e ajudar!

Sydney é mundialmente conhecida por suas praias e, consequentemente, pelo surfe que aqui se pratica o ano todo. Na verdade, as melhores ondas ocorrem durante o inverno quando o swell (ou corrente) é maior.

Obviamente este post não tem a pretensão de ser um guia de surf, até porque estamos falando de uma cidade abençoada com mais de 40 praias (isto sem mencionar as praias voltadas para o interior da baía de Sydney).

Então vamos focar no que interessa… ação. As praias mais populares para a prática de surf são:

- Bondi (sul de Sydney)
- Manly (norte de Sydney), incluindo Queenscliff e Fairy Bower
- Dee Why (norte de Sydney), incluindo Long Reef

O fato de essas praias serem as mais populares não necessariamente significa que são as melhores, até porque o termo “melhor” é relativo ao nível de surf, tamanho das ondas, direitas ou esquerdas e outros diversos fatores como acessibilidade e localização.

- Bondi (lê-se Bondái): É seguramente a praia mais famosa de Sydney e fica localizada no lado sul da cidade. Costuma lotar durante o verão devido à grande quantidade de turistas, associada ao fato de ser a praia mais próxima do centro da cidade.

Bondi Icebergs, a famosa piscina no Sul da praia

Muitos turistas caem na água também - o índice de salvamentos é alto pois muita gente acaba por escolher Bondi para aprender a surfar. Alguns pontos são bastante perigosos, como o sul da praia, onde a correnteza costuma fazer redemoinhos e levar inexperientes ao rochedo. O centro (beach break) e o norte (beach break - direitas; offshore - esquerdas) são ideais para a prática do esporte.

Surfista dropando uma esquerda no offshore de Bondi

É fácil entrar pelo norte tanto remando quanto pelas pedras. Lembre-se que só é permitido surfar fora das aéreas demarcadas com as bandeiras amarelas e vermelhas (áreas para banho). Os salva-vidas são bastante ativos e não deixarão você surfar na área de banho. Nesta praia é gravado o programa de TV chamado Bondi Rescue, então vale a dica para não pagar mico, senão existe uma grande chance de você virar piada em rede nacional.

Bondi Norte, boas direitas

- Manly: também bastante popular, possui ondas relativamente pequenas com relação às outras duas.

Manly/Queenscliff 7am

Em abril de 2013, Kelly Slater participou de um evento beneficente em alerta à depressão e suicídio. Durante o campeonato, Kelly mostrou ao público local como se retirar coelhos da cartola com ondas de meio-metro ou menos.

Kelly Slater, Suicide Awareness Event, Manly com 2 pés de onda

O mesmo tipo de onda fez parte do cenário durante o Hurley Australian Open, cujo campeão foi o Mineirinho Adriano de Souza. No feminino, a campeã foi a Havaiana Carissa Moore. Abaixo algumas fotos do Hurley Australian Open de 2014:





Amiya Doyle (AUS) e a surfista local Laura Enever (AUS) de North Narrabeen também participaram do evento.

Laura Enever, surfista local
Amiya Doyle (AUS) dando um aéreo

O Hurley Open também traz skateboarders internacionais para o evento, que infelizmente foi cancelado devido ao mau tempo. O próximo acontecerá entre 07 e 15 de fevereiro de 2015.

Hurley Australian Open, dia de testes - O evento foi cancelado por excesso de chuva

Ao sul de Manly, o surfista encontra direitas bem formadas. Entretanto, normalmente as merrecas não passam de dois pés.

Outro pico bacana na região é o Fairy Bower (point break). É possível chegar lá de carro ou caminhando uns 1.5 km a partir de Manly Beach. São direitas incríveis, perfeitas para os regular footers. É comum também ver gente de SUP (Stand Up Paddle) e Kayaks aproveitando a excelente formação. Não há salva vidas na área e a única forma de entrar é pelas pedras. A saída é bastante fácil pois pode-se remar para Shelly Beach, uma praia virada para o Oeste onde não há ondas.

Fairy Bower, com Queenscliff ao fundo

Já o norte de Manly é chamado de Queenscliff, constantemente gerando boas esquerdas. Aqui os Goofy footers se criam. Fugindo um pouco do assunto, no início de 2014 os surfistas ganharam uma disputa com a prefeitura que alterou os horários dos parquímetros da região para que estes pudessem surfar entre 6-8am sem ter que desembolsar, afinal de contas, a praia ainda não está lotada neste horário. Uma cidade bem administrada sabe que investimentos para uma melhor qualidade de vida reflete positivamente nos cidadãos e diminui gastos com saúde pública no futuro.

Surfista correndo pra aproveitar as ondas antes de mais um dia de trabalho, 7:10 am

Uma vez que estacionar não é mais problema, o surfista pode facilmente cair na água rente à piscina e deixar que a corrente o leve para a arrebentação quase sem esforço.

Hora do rush, 6pm: a galera remando junta pra dar o banho no fim do dia

- Dee Why: Um pouco mais ao norte de Manly, a praia apresenta uma boa variedade de ondas. Ao sul, junto à piscina, o point break oferece boas direitas.

Surfista dando um batidão, com direito à gaivota na plateia

É possível entrar pelas pedras, atalhando pela piscina. É comum encontrar body-boarders no local. Já o meio da praia (beach break) abre direitas e esquerdas.

Dee Why Sul, point break ao lado da piscina - esse dia estava gigante!

Por outro lado, o norte de Dee Why apresenta boas esquerdas. Na verdade, nesta região a praia chama-se Long Reef.

Galera no line up entre as séries em Dee Why (Long Reef ao fundo)

A divisão entre Dee Why e Long Reef é física, dada pela Dee Why Lagoon. Offshore em Long Reef existe uma série de ondas muito loucas. Mais loucos ainda aqueles que caem na água por lá. O fundo é de pedra e a arrebentação, além de irregular, joga o surfista em direção às rochas. A galera mais sênior no esporte adora essa onda, e normalmente os Aussies mais antigos sabem das coisas. De qualquer forma, fica meu alerta para estudarem bem a área antes de se aventurarem. Os salva-vidas de Long Reef ficam bem distantes do Offshore, então é bom cair com cautela. Long Reef também é ótimo para a prática de Kite Surf.

Em dias ventosos, a pedida é o Kite Surf em Long Reef

Tanto em Dee Why quanto em Long Reef o acesso é fácil e há estacionamento próximo da praia. Para quem depende de transporte público, ônibus é a solução para Dee Why. Para Manly as opções são ônibus ou Ferry Boat.

Domingo de Outono em Manly/Queenscliff

O Ferry sai do da estação Circular Quay e a viagem dura exatos 30 minutos. Caso ônibus seja mais conveniente, a estação de Wynyard é o ponto de saída para todas as praias do norte. Long Reef é a mais complicada de se chegar com transporte público, mas ainda assim é possível.

Já no caso de Bondi, o acesso se dá de ônibus saindo do Hyde Park (Oxford Street). Em alguns casos será necessário trocar de ônibus em Bondi Junction, que é a estação que conecta o trem aos ônibus que vão para Bondi. Obviamente o trem+ônibus é a opção melhor para que vem de longe.

Bondi Norte, com a praia ao fundo

Nós da Force Field Photography esperamos vocês em Sydney. Se você estiver só de passagem, uma boa pedida é agendar uma sessão fotográfica conosco, afinal, nada como uma foto top em ação pra levar de recordação ao Brasil. É claro que trabalhamos com descontos para quem é leitor do Baririense.

Marco Furlanetto, atração local em Dee Why e cliente Force Field

Quer saber mais? Curtam www.facebook.com/forcefieldphoto
Pra saber por onde andamos, estamos também no Instagram @forcefieldphotography
Preços e pacotes customizados: forcefieldphoto@hotmail.com

Fiquem à vontade para comentar, criticar, sugerir ou simplesmente elogiar. Quem sabe assim o chefão Eduardo não nos dá mais espaço no blog? A gente se vê por aqui…

Grande Abraço,
Ricardo Aita
Force Field Photography



quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Modos de Contratação na Austrália: Permanent (CLT) vs Contractor (PJ)

Uma pergunta que recebo frequentemente é a respeito dos tipos de vínculo empregatício na Austrália. No Brasil é muito comum, na área de TI, o "modo PJ", e por isso o pessoal de TI sempre me pergunta se isso também existe por aqui.

A resposta é SIM, existe. O que a gente chama de PJ no Brasil aqui é chamado de Contractor, enquanto o famoso CLT do Brasil aqui se chama Permanent. As características básicas de cada modo de contratação são iguais ao que acontece no Brasil: Contractor tem um salário maior, mas só ganha por dias trabalhados e não tem a estabilidade de um Permanent. No entanto, algumas coisas são bem diferentes do Brasil. Segue abaixo um resumo das características de cada modo de contratação:

PERMANENT:
- O salário é definido em valor por ano (não por mês, como no Brasil). Exemplo: 150 mil dólares por ano
- Tem 4 semanas de férias por ano
- Tem 10 dias úteis pra serem abonados durante o ano (chamados de "sick leave"), mas que não são reembolsáveis caso não sejam usados (algumas empresas reembolsam, mas não é comum)
- Tem benefícios como bônus anual, treinamentos, plano de carreira, convênios com empresas parceiras (academias, cinemas, clubes etc). Importante lembrar que os benefícios variam de empresa pra empresa e não são obrigatórios por lei
- Não há décimo terceiro nem auxílios refeição/transporte/etc
- O empregador paga a aposentadoria obrigatória (que aqui é chamada de Superannuation, mas é o equivalente ao INSS brasileiro)
- Tem mais estabilidade que Contractor
- O período de aviso prévio para Permanent é definido por lei e varia conforme o tempo de empresa do funcionário: até 1 ano de empresa tem 1 semana de aviso prévio; de 1 a 3 anos de empresa tem 2 semanas; de 3 a 5 anos de empresa tem 3 semanas; mais de 5 anos de empresa tem 4 semanas. Esses valores valem pros dois cenários: funcionário sendo demitido ou pedindo demissão.

CONTRACTOR:
- O salário é definido em valor por dia (também é diferente do Brasil). Exemplo: 800 dólares por dia
- Recebe por dia trabalhado, o que significa que férias não são remuneradas
- Normalmente não tem nenhum dos benefícios de um Permanent, mas isso varia de empresa pra empresa (a empresa em que estou atualmente, por exemplo, tem plano de carreira e treinamentos pra Contractors, o que não é muito comum)
- Tem menos estabilidade que Permanent, já que o contrato costuma ser por projeto - ou seja, quando o projeto acaba há uma grande chance de que o contrato não seja renovado
- O aviso prévio é negociado no contrato, mas geralmente é de 4 semanas. No entanto, não há nenhuma lei a respeito, depende apenas do que a empresa pode oferecer (ela pode até mesmo oferecer um contrato sem aviso prévio nenhum, o que é terrível pro funcionário, mas não é ilegal)
- Assim como Permanent, não há décimo terceiro nem auxílios refeição/transporte/etc
- O empregador também paga o Superannuation, assim como acontece com quem é Permanent (diferente do Brasil, em que PJ não tem pagamentos de INSS efetuados pelo empregador)
- Diferentemente do Brasil, não é necessário abrir uma empresa pra trabalhar como Contractor, e os impostos são exatamente os mesmos que os de um Permanent
- Posições de gerenciamento são mais raras nessa forma (Gerente de Projetos até tem, mas acima disso é praticamente tudo Permanent)

Em resumo, as vantagens de ser Contractor são que o profissional ganha mais (de 30 a 40% a mais em média), constrói um networking bem maior por estar sempre mudando de empresa e tem contato com pessoas e tecnologias diferentes o tempo todo. Por outro lado, as vantagens de ser Permanent são que o profissional tem mais estabilidade e tem os benefícios que os Contractors geralmente não têm.

Esses são os dados factuais, mas agora vou partir pra minha opinião: eu só trabalho como Contractor e acho que as vantagens valem muito mais a pena que as desvantagens. Atualmente estou no meu quarto contrato em três anos e meio de Austrália e nunca fiquei um dia sequer desempregado (sem exagero, sempre encerrei um contrato na sexta e já comecei outro na segunda seguinte). O segredo é que sempre tive 4 semanas de aviso prévio, que é tempo mais que suficiente pra conseguir um novo contrato. Pode ser que um dia eu me canse dessa vida de ficar mudando de empresa praticamente uma vez por ano, mas por enquanto ainda acho que a diferença salarial vale o risco.

Tenho amigos nas duas modalidades de contratação e cada um tem seus motivos pra preferir um ou outro. No fim das contas é algo bem pessoal, o importante é saber que existem diferentes possibilidades e analisar qual se adapta melhor ao seu momento.