Hoje faz exatamente um ano que desembarcamos em Sydney. Desde então, muita coisa aconteceu. Bin Laden foi encontrado e morto, Amy Winehouse e Whitney Houston sucumbiram aos seus vícios, Sandy foi a Devassa da Schin, Pallocci caiu pela segunda vez, um norueguês retardado matou 70 pessoas em Oslo, Príncipe William e Kate Middleton se casaram, Tiririca entrou para a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados... e a gente viveu o ano mais intenso de nossas vidas.
Em 22 de Fevereiro de 2011, em torno das 3 da tarde, estávamos deixando o Aeroporto Internacional de Sydney rumo ao incerto. Aquela mistura de sentimentos contrastantes, que ainda permaneceria por alguns meses, é algo que marca: empolgação, medo, curiosidade, insegurança, deslumbramento.
Foi um projeto de um ano e meio, que envolveu uma grana considerável (visto, exame de inglês, exames médicos, traduções e cópias de documentos, passagens aéreas, dinheiro pra se manter no início até arrumar emprego...) e muito suor (estudos de inglês, certificações pra inflar o currículo, entrevistas de madrugada por Skype algumas semanas antes de vir...). Tudo planejado nos mínimos detalhes, como sempre.
Felizmente, as coisas correram conforme o esperado e a gente colheu tudo aquilo que plantou. Quando se faz algo com planejamento, paciência e foco, não tem como dar errado. Em menos de 24 horas eu já tava empregado - até onde sei, foi um recorde! -, em menos de 15 dias conseguimos um apê e daí pra frente as coisas foram se ajeitando cada vez mais.
Foi um ano e tanto: conseguir emprego, alugar apê, mudança de emprego, aplicar pro visto da Mi, comprar carro, tirar a driver's licence, mudança de apê, visita de amigos, virada de ano com a família... Enquanto isso, a Mi teve que fazer curso de inglês, ir pro Brasil pro casamento do irmão, procurar trabalho, aprender a cozinhar e cuidar da casa... E hoje, exatamente 365 dias depois, podemos dizer que já concluímos nossa fase de adaptação: temos turmas de amigos, nosso inglês tá cada vez melhor, a Mi tá com quase todos os dias preenchidos como nanny em diferentes famílias, temos nosso carro, moramos super bem, eu tenho meu futebolzinho semanal, a Mi tem as aulas de ballet semanais dela e os fins de semana são sempre cheios de coisa pra fazer.
Não foi tudo um mar de rosas. Tivemos problemas, obviamente. Teve o teste como kitchenhand que a Mi fez no começo da busca por emprego e ficou traumatizada, chegou até a desanimar de procurar trabalho. Teve o episódio da multa e da suspensão da minha learner's licence, quando a polícia me pegou dirigindo sem habilitação e eu tive que recorrer à corte pra explicar que eu não sabia que não podia dirigir usando a CNH do Brasil (três meses se passaram nesse rolo todo, e eu fiquei sem poder dirigir durante esse tempo todo). Teve a mudança de apê, na qual quebramos o contrato de aluguel do local onde estávamos e, por conta disso, tivemos alguns problemas. Teve a batida do carro no fim do ano, que causou um puta prejuízo e dor de cabeça, já que atrasou o licenciamento e acabou custando mais uma multa, dessa vez por andarmos com o carro não licenciado.
Mas no fim das contas as nossas conquistas foram infinitamente maiores que esses problemas, sem contar que cada um desses incidentes acabou tendo um lado positivo, por mais difícil que seja de acreditar. Aliás, tudo na vida é assim, depende apenas de como você olha pra cada coisa que acontece.
Morar fora é uma experiência incrível, que proporciona um crescimento pessoal incomparável. Meus três meses em Shanghai já foram marcantes, mas um ano inteiro é outra história. Como vamos comemorar essa data? Comendo um autêntico rodízio brasileiro na melhor churrascaria brazuca de Sydney. A gente merece!